Hoje, aqui, nesta nossa cidade de Torres Vedras, celebramos o 109º aniversário do banco com sede na nossa terra, e propriedade dos seus associados que integram a nossa comunidade.
Hoje, aqui, festejamos – alegrias e amor, obras e sonhos.
Na pessoa da Eng. Laura Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, do nosso Presidente Emérito António José dos Santos através do qual presto homenagema todos os que até hoje ajudaram a construir esta Cooperativa, ao Prof. Mário Centeno, Governador do Banco de Portugal, ao nosso querido João Gil, e a todos os associados presentes, apresento cumprimentos à comunidade e dou por formalizado o protocolo de agradecimentos e de boas-vindas.
Sejam todos muito bem-vindos e considerem-se abraçados.
Este é um evento organizado, como já referi, por esta centenária instituição financeira com sede nesta localidade, a presença, pelo segundo ano consecutivo, do Prof. Mário Centeno muito nos honra. Mas esta presença também dá nota do valor humano e do seu sentido de estado. Este tipo de instituições financeiras, de perfil cooperativo, são um importante pilar do sistema financeiro português e europeu. E por isso. Muito obrigado, Senhor Governador, para quem peço uma salva de palmas.
Meus queridos amigos,
No século XII já eram velhas as Torres que deram o nome à nossa cidade.
A comunidade científica reconhece de forma unânime que foi por aqui, no Castro do Zambujal (localizado a 3 kms de onde nos encontramos) que surgiu, entre os anos 3000 a 5000 mil AC. a cultura do vaso campaniforme que daqui se expandiu para a Irlanda, Europa Central, Norte África e foi até à Turquia.
Estas terras denominadas por terras da Serpente ou finisterra, fazem parte do maciço central Sintra- Montejunto e Estrela, e sempre exerceram um encanto místico em relação aos povos migratórios, sendo o mar fonte de atração e uma nova fronteira amiga e solidária. O mar é fonte de alimento e de esperança.
Aqui, na cabeça da Europa, na expressão de Camões, Pessoa ou Mircea Eliade, por entre neblinas cujo frio traz o doce às nossas frutas, e à nossa vida, fomos pontos de partida na faina das pescas e no zarpar das naus. Aqui soubemos criar parcerias com as forças inglesas para otimizar a resistência aos exércitos napoleónicos. Mas também aqui, passado o período de guerra, soubemos criar condições e valor para integrar franceses, ingleses, portugueses, e todos os outros, para a paz e a criação de valor.
É este território, com a identidade das suas gentes, que queremos homenagear e enriquecer.
E como se cria valor num território? Dando lastro aos valores, aos princípios que elevam a identidade. A identidade tem as suas raízes no thymos, que é experimentado emocionalmente através de sentimentos tais como o orgulho, a vergonha e a cólera.
É difícil teorizar sobre a identidade nacional porque as nações existentes são o subproduto de combates históricos complexos e desordenados que foram muitas vezes violentos e coercivos. As nações daí resultantes são plataformas trabalháveis para criar instituições democráticas, mas os resultados continuam a ser contestados e são constantemente desafiados pela mudança demográfica, económica e política. Ao contrário do que pensam muitos nacionalistas, as «nações» não são entidades biológicas que existem desde tempos imemoriáveis, são construídas de baixo para cima e de cima para baixo. Aqueles que fazem essa construção podem moldar deliberadamente essas identidades para se ajustarem às características e aos hábitos dos povos.
Já a identidade local, associada ao seu território e às suas gentes, assenta na solidariedade e na entreajuda, encontra com mais facilidade um âmbito e uma profundidade. É mais fácil, pois sabemos quem somos.
Isto passa-se também, com as organizações, e inevitavelmente como a nossa organização. A nossa instituição financeira, com sede nesta terra, registada a 5 de junho de 1915, com catorze cooperantes, é uma instituição competitiva, resiliente e suportada em valores éticos. E a crescer de modo sustentado.
Com este modelo de organizações, a Europa foi berço de milhares de cooperativas de crédito assentes em princípios simples: âmbito delimitado e controlo exercido pelos proprietários em processos de solidariedade assentes no princípio “um membro, um voto” o que assegura a diversidade e o respeito; Isto permitiu funções de controlo (risco, auditoria e compliance) eficientes porque cada colaborador é auditor, é comercial e é monitor do risco e da Governance. Ao serem previsíveis, podem ser consideradas como instituições. E ao serem monitorizadas, asseguram o futuro.
Com este modelo de organização existem em Portugal cerca de 3 mil cooperativas.
Em 2023 aderiram ao nosso projeto, como proprietários, cerca de 450 novos associados. Temos mais de 24.000 clientes dispersos em cerca de 54 mil contas nos 16 balcões. Estamos em todas as freguesias do nosso concelho, em algumas com mais de um balcão. E assim fazemos o que esperam de nós: Cumprir a lei dos serviços mínimos bancários. E todos os outros objectivos micro e macroprudenciais.
Em Portugal existem, ainda, cerca de sete dezenas de instituições financeiras cooperativas agrupadas em dois modelos distintos – seja no modelo e seja nas práticas. O nosso modelo, agrupado na Agrimútuo (Federação Nacional das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo), à imagem de congéneres alemãs, austríacas e espanholas, entre outras, preconiza o poder assente na autoridade local exercida pelos seus proprietários, ou seja, pela comunidade local. E, suportadas nos seus excelentes indicadores económicos e financeiros, dos melhores a nível nacional, e mesmo global, queremos continuar a exercer a nossa actividade com sede no nosso concelho. Não queremos fusões, dispersões ou confusões.
Tivemos o melhor desempenho de sempre com um lucro de mais de 8 milhões de euros, a que acresce uma imparidade de 2.8 milhões para contingências futuras, resultado que nos faz assumir uma maior responsabilidade perante as nossas partes interessadas, ou seja, colaboradores, associados e clientes, assim como com as instituições, associações da comunidade de Torres Vedras. A carteira de crédito (antes de imparidades) aumentou 2% (184 milhões de euros). E a de depósitos de clientes cresceu 3,4% (552 milhões de euros). Os capitais próprios foram reforçados em 10,6%, atingindo 95 milhões de euros e o importante indicador de solvabilidade, o rácio Core Tier 1 é de 49,5%.
Mas, o orgulho é termos conseguido: distribuir cerca de 300 mil euros (este ano tendo em conta os resultados a Maio podem ser 700 mil euros) a 66 agremiações, escolas, IPSS e associações locais; Instalamos novos ATMs e valorizamos os nossos colaboradores, contratando pessoas e serviços, e permitindo a formação e a difusão de talento beneficiando os colaboradores e as suas famílias e isto com um rácio de eficiência de 33%.
Desde que exista lucro significativo, a opção é entre reforçar capital social ou distribuirmos o dividendo social, ou seja reforçar o capital humano da comunidade que nos deu e dá causa . Nas instituições com a nossa natureza tem que existir sempre a noção de sobra ou dividendo social.
Cada colaborador é uma oportunidade de criação de valor. Cada colaborador é um garante da conformidade, da auditoria e da criação de valor. É um processo que estamos a desenvolver. É um trajeto sobre o qual conhecemos o caminho. Este é o nosso compromisso.
Este ano assumimos um renovado propósito: com a literacia financeira e o empreendedorismo social valorizando alunos e professores. Estamos a recolher dados para um anuário que integrem os 1400 estudantes que acedem todos os anos ao Ensino Superior. Equipamos 43 escolas no Concelho com cartões que aumentam a segurança nos pagamentos e evitam o bulling estudantil.
Lançamos a campanha solidária de recolha de fundos públicos com o Sicredi de Ouro Branco, Rio Grande do Sul para ajudar uma Instituição de Montenegro denominada Florescer . Esta Instituição É um centro eclesiástico que por virtude das cheias ficaram sem o carinho da única casa que conheciam. E aqui, e em Novembro também lançaremos uma campanha para uma Instituição com dificuldades económicas e propósito idêntico.
Vamos Lançar uma Campanha inter geracional, com taxa Euribor mais 0% para devolver às populações mais idosos a dignidade da sua dentição e vamos abrir uma conta com fundos que contemple os nascimentos no Concelho.
A 1 de Setembro estreamos o novo Core bancário DBS/Oracle/ Microsoft e inauguramos o novo Data Recovery Disaster Center no Maxial cujas as obras estão concluídos . Em Outubro as obras da sede estarão Também totalmente concluídas. E esperamos anunciar um resultado do exercício superior a 10 milhões de euros. Esta é a nossa forma de fazer banca, as tecnológicas não a conseguem imitar e a banca comercial que luta no ambiente destas também não o consegue fazer.
Apoiaremos Sempre o concelho com critérios objectivos e justos: Ser associado, Ter envolvência comercial e Implicar multiplicação de bem estar e combate à pobreza.
Acreditamos num mundo melhor.
Não temos concorrente porque o nosso dinheiro não é igual ao dos concorrentes realiza outras necessidades e temos outras formas nomeadamente de capitalização mais robustas.
Aqui, hoje, temos o João Gil. O João dispensa apresentações. Em tudo, e com todos, o João é especial. Pedimos ao João que fizesse uma letra para a nossa terra, a nossa gente.
Na era digital, as distâncias mudaram. O tempo é diferente. Mas a terra onde nascemos, nos criamos, é aquela que nos sabe acolher.
A memória é a nossa bengala emprestada. A mensagem da letra do João Gil foi escrutinada pela nossa comunidade. Ela vai ser a música dos nossos ouvidos, o sorriso da nossa memória. Mas também a esperança para o devir.
Aqui chegados, e à guisa de conclusão e de gratidão permitam-me uma mensagem especial.
Senhor Governador Mário Centeno. O senhor é um Homem especial. As suas práticas evidenciam a sua sabedoria. Tenho muito apreço pelo seu superior humor ( recordo em cenário formal, a história da mãe do árbitro, e o seu pedido pra que quando aqui viesse pudéssemos anunciar a redução das taxas de juro que tanto esforço exigem às famílias e às Empresas. Ora um pedido seu é uma ordem . Hoje mesmo a Cristine, fez-lhe a vontade ) . O convívio consigo dá nota da sua simpatia. Mas a sua presença, aqui, hoje, na comemoração do nosso aniversário revela a sua grandeza. Somos um banco adequado à nossa terra. É a nossa natureza, a nossa forma de fazer banca. Ao nos respeitarmos, asseguramos o lugar das coisas. Mas a presença do Senhor Governador oferece-nos a proporcionalidade da representatividade, do respeito pelo mérito dos que no interior teimam em dar vida ao território. Esta gente, lutadora e confiante também sabe ser grata. Na sua pessoa, Senhor Governador, uma palavra de gratidão ao Banco de Portugal pelo apoio que, sempre, nos oferece. E de reconhecimento a todos os proprietários do nosso banco, que aqui, estão.
Agora, é o tempo de festejar.
No final cortaremos o habitual Bolo de Aniversário.
A todos o meu, o nosso, MUITO Obrigado e desfrutem.